domingo, 28 de junho de 2009

o bebê e seu corpo

Durante o seu desenvolvimento a criança aprende a coordenar e a dominar os movimentos do seu corpo - a coordenação motora ampla e fina, e também, pouco a pouco, vai internalizando uma imagem deste corpo – o esquema corporal. Apesar destas duas vertentes do trabalho corporal caminharem muitas vezes, juntas, é preciso saber diferenciá-las.
Nas Cirandinhas, proporcionamos situações que estimulam os bebês a adquirir domínio sobre seu corpo e também temos sempre em mente a preocupação com o início da formação de um esquema corporal. Brincar com a bola grande, por exemplo, pular e balançar-se sobre ela, ou aprender a jogá-la para o amigo, trabalha nos bebês o seu equilíbrio, a propriocepção das articulações, o tônus muscular, o movimento e o alinhamento postural. Estimulamos as crianças a explorarem o espaço e a superarem seus limites – cada uma em sua fase de desenvolvimento - alguns bebês tentando se arrastar, outros na fase de engatinhar, alguns já querendo dar os primeiros passinhos. E não são necessários aparelhos especiais para esta aprendizagem: basta um espaço amplo, a presença estimulante de outras crianças, alegria, colorido, música, brincadeiras, alguns materiais interessantes e, claro, a presença confortante de uma mamãe ou babá com quem se tenha intimidade para algum eventual momento de tensão. Os bebês desejam vencer os obstáculos, querem aprender, são curiosos e, se não estiverem com sono, fome ou outro incômodo qualquer, com certeza, estarão dispostos a ir atrás do que houver para ser explorado.
Ao mesmo tempo em que buscamos proporcionar este estímulo à coordenação motora do bebê, também procuramos trazer à cena, a todo momento, o corpo dos bebês: através das brincadeiras, do toque das massagens, das canções que falam das partes do corpo, procuramos não apenas despertar e sensibilizar este corpinho, mas também torná-lo cada vez mais consciente de si. Nossas avós, com a sabedoria de brincadeiras tradicionais como “dedo mindinho, seu vizinho”, ou “janela, janelinha, porta, campainha”, já intuíam a importância de iluminar com palavras e brincadeiras o corpinho dos bebês. E o desenvolvimento do esquema corporal acaba entrelaçando-se com o senso de identidade do bebê, que também é outro ponto em que estamos sempre de olho em nosso trabalho. (Quem sou eu, meu nome, meu corpo; quem é meu amigo, seu nome, seu corpo). Não é por acaso que as canções que cantamos e as brincadeiras que realizamos falam tanto das partes do corpo, como também não é a toa que citamos e chamamos, a toda hora, o nome de cada criança. Os bebês, pouco a pouco, vão aprendendo quem são. Depois, no grupo, começam a reconhecer também os amigos.
Todas as atividades que realizamos na Cirandinha, as músicas, as brincadeiras, não só podem como devem ser repetidas em casa. É bom que as aulas não se restrinjam apenas ao tempo do grupo lá na academia, por isso é tão importante a participação dos responsáveis. O ideal é que as mamães ou babás aprendam as atividades – ou as inventem também – e as realizem em casa, em gostosas Cirandinhas a dois, todos os dias! Essa estimulação com afeto dará continuidade ao nosso trabalho e será preciosa para o bebê.


Cirandinhas: música e um pouquinho mais

Por tudo isso é que dizemos que apesar de parecer apenas uma aula de música, os objetivos das Cirandinhas não se limitam aos da musicalização para bebês. Em nossa proposta estão presentes atividades que visam o trabalho da coordenação motora, a noção de eu e de outro, o desenvolvimento do esquema corporal, a linguagem (oral e gestual), a permanência do objeto, a percepção sensorial, a atenção, a socialização, ou seja, nossa proposta é trabalhar as diversas áreas do desenvolvimento do bebê, porém, utilizando a música como principal recurso para fazer isso. Por que o encantamento que a música exerce sobre os bebês é realmente único e nós nos esforçamos muito para que a música oferecida a eles seja sempre de muita qualidade. Na Cirandinha, queremos que os bebês aprendam música... e um pouquinho mais.